Olhe, eu não queria ser um meio-sangue.

O Ladrão de Raios é o livro um da Série Percy Jackson & os Olimpianos. Li-os pela primeira vez em 2013, quando eu estava em meio à uma crise de depressão severa. 

Minha família sabendo que seria um processo difícil, tentou me acolher com as armas que podia e que sabia ser um forte aliado contra a tristeza. 

A literatura ela humaniza. Ela acalenta. Lembro-me de ter passado uma semana inteira grudada nesses cinco livros da série e não vejo a hora de chegar na leitura do quarto da série, o meu preferido de todos: A Batalha do Labirinto. 

Ler e acompanhar as aventuras e desventuras de Percy e seus amigos foi propriamente terapêutico para mim. 

Se você está lendo isto porque acha que pode ser um, meu conselho é o seguinte: feche este livro agora mesmo. Acredite em qualquer mentira que sua mãe ou seu pai lhe contou sobre seu nascimento, e tente levar uma vida normal.

Revisitar a Mitologia Grega sob um viés contemporâneo, como se Deuses estivessem andando entre a gente, foi especialmente divertido. 

Ser um meio-sangue é perigoso. É assustador. Na maioria das vezes, acaba com a gente de um jeito penoso e detestável.

A série de livros se divide em: O Ladrão de Raios, O Mar de Monstros, A Maldição do Titã, A Batalha do Labirinto e O Último Olimpiano.

Se você é uma criança normal, que está lendo isto porque acha que é ficção, ótimo. Continue lendo. Eu o invejo por ser capaz de acreditar que nada disso aconteceu.

O livro um, com suas quatrocentas páginas, apresenta todo o universo mitológico grego de maneira bem didática e divertida. Ao longo das primeiras páginas temos uma personagem narradora que aproveita seu papel para estreitar essa distância entre a narrativa e seu leitor. 

Mas, se você se reconhecer nestas páginas – se sentir alguma coisa emocionante lá dentro -, pare de ler imediatamente. Você pode ser um de nós. E, uma vez que fica sabendo disso, é apenas uma questão de tempo antes que eles também sintam isso, e venham atrás de você. Não diga que eu não avisei. 

Narrado em primeira pessoa, Percy é um garoto de 12 anos de idade. E as características que o constituem me lembram muito de um certo bruxinho aí. Órfão de pai, disléxico, para-raios de valentões, maltratado pelo padrasto, com apenas um amigo ao seu lado, Groover,  entre outros atributos que você poderá descobrir ao longo de sua leitura. 

Meu nome é Percy Jackson.Tenho doze anos de idade. Até alguns meses atrás, era aluno de um internato na Academia Yancy, uma escola particular para crianças problemáticas no norte do estado de Nova York.

Percy sempre se achou um garoto estranho e que atraía muitos problemas. Expulso de sua última escola, a Academia Yancy, volta para casa para dar notícia à Mãe. Ela, sempre muito amável, decide levá-lo numa viagem para espairecer até Montauk. 

E é nessa viagem que tudo acontece. Groover que do nada se revela não-humano consegue ajudá-los a fugir de um Minotauro enviado para matar Percy. Seguem os três até o Acampamento Meio-Sangue, um lugar que sua mãe sempre temeu mandá-lo, pois acreditava que uma vez ele indo para lá, ele não iria poder voltar para casa. 

Somente depois de chegar nesse acampamento é que Percy descobre ser um filho de um deus. Porém, os deuses têm de reclamar seus filhos a eles mesmos, ou seja, assumi-los.

Só iremos descobrir quem é o pai de Percy, lá pelas páginas de número 100, quando já estamos envolvidos em uma série de introduções feitas pelo narrador sobre as personagens, tanto as novas, quanto as divindades gregas. 

No acampamento, Percy além de ser acolhido e entender vários “problemas” seus serem justificados pelo fato dele ser um semideus, faz vários amigos novos, como Anabeth, filha de Athena.

Lá ele também descobre que está sendo acusado de ter roubado os raios de Zeus. Com isso ele é mandado em uma missão: devolver ou descobrir o ladrão de raios antes que os deuses comecem uma terceira guerra mundial.

Percy Jackson e os Olimpianos é uma ótima leitura para adolescentes que estejam na faixa etária de seu narrador, pois este ao longo de sua narrativa se aproxima do leitor como se estivesse dialogando, preocupando-se em apresentar toda a história tal qual lhe aconteceu.

Mas o filme… é, precisamos falar sobre o filme. Um dos desastres do cinema do ano de 2010. É uma adaptação que estraga toda a história em seus primeiros minutos.

Grande parte das histórias de heróis como Hércules, Odisseu, Perseu, Aquiles, tiveram suas aventuras registradas por poetas como Homero, que por sua vez, assim como tantos outros poetas, compôs seus poemas baseando-se em uma cultura de oralidade.

As aventuras desses heróis eram passadas de boca em boca e continham seus maiores feitos.

Rick Riordan não apenas traz esses mitos para contemporâneidade, como ele traduz esses heróis para um contexto muito mais moderno.

Inserindo esses heróis e figuras míticas dentro do contexto da história ocidental, situando o Olimpo, por exemplo, na cidade de Nova Iorque, acima do mais alto prédio da cidade.

Tudo isso para que o diretor Chris Columbus vir e fazer mais um novo filme com as mesmas figuras míticas que vimos em outros filmes dantes já filmados, colocando o trabalho de Riordan de lado, que foi se dirgir para um público mais jovem.

Uma das cenas que mais me irritou foi a visita de Percy, Anabeth e Groover ao Hotel e Cassino Lótus, que de um lugar cheio de brinquedos atrativos, transformou-se em uma metáfora para dorgas. Isso mesmo que vocês leram.

Não que eu seja puritana, mas não tinha nada a ver de fato com a história deles. Se quiserem ver por sua conta e risco, o filme está disponível na Disney+.

Falando em Disney… Dia 20 de dezembro a plataforma de streaming lançará uma série baseadas nos livros (Pelo amor de Afrodite, Waldisnei, nunca te pedi nada, mas don’t let me down.

O trailer você confere aqui. É claro que eu vou assistir e minhas expectativas estão altas. Porém, acredito que uma série tem mais espaço para fazer justiça às obras de Rick Riordan.

Elas merecem serem eternizadas e alcançarem gerações e gerações de crianças e adolescentes, pois realmente é uma série de livros muito divertida.

2 respostas para “Percy e seu Homero Moderno”.

  1. Avatar de De volta ao labirinto. – A Traça-Livros

    […] três outras resenhas dos três primeiros livros você confere aqui, aqui e aqui. A próxima vai ter polêmica também, pois irei falar da série televisiva feita […]

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  2. Avatar de Fim de uma saga. – A Traça-Livros

    […] Ladrão de Raios narra o início da jornada de Percy ao descobrir sua conexão divina com os deuses do Olimpo, desencadeando uma […]

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