Friday Black e outras histórias

Published by

on

É minha quarta Black Friday. Na primeira, um cara de Connecticut abriu um buraco no meu tríceps na base da mordida. A baba dele quente. Saí da área de vendas por dez minutos para me remendarem. Agora tenho um sorriso irregular no braço esquerdo. 

Publicado pela Editora Fósforo em 2023, é um livro que reúne 12 contos do autor norte-americano Nana Kwame Adjei-Brenyah, Friday Black entrou para a lista da minha #tbr este ano, pois foi um presente da Festa do Livro da USP  de 2023 e eu estava muito curiosa para lê-lo. 

A Érica, do Trecho Predileto, havia feito uma resenha sobre ele, na qual ela colocou alguns trechos do autor para falar de sua obra, de repente, eu estava obcecada. 

O título desta resenha foi retirado de uma canção da banda Heartless Bastards, How low, que você pode ouvir, ver o clipe e se viciar aqui

Esta associação entre livro e canção foi feita lá por meados de março, antes de toda essa tragédia no Rio Grande do Sul acontecer. Ambos me trazem a mesma reflexão: quão baixo a humanidade precisará ir para chegar no topo? I hope we never really have find out… 

Nana Kwame Adjei-Brenyah, autor do livro Friday Black.

Nana Kwame Adjei-Brenyah nasceu na cidade de Spring Valley, Nova York, EUA, em 1991. Graduado pela Universidade de Nova York,  possui mestrado pela Universidade de Syracuse. Seus trabalhos já foram apresentados em várias publicações renomadas, incluindo o New York Times Book Review, Esquire e Paris Review. 

Em 2023, ele foi um dos cinco finalistas do National Book Award na categoria de ficção com seu livro Os Superstars da Cadeia, que foi publicado neste ano, na metade do mês de Abril pela Editora Fósforo. 

Esta é uma obra que desafia as convenções literárias e mergulha profundamente nas questões sociais contemporâneas com uma prosa ousada e impactante, como os filmes de Jordan Peele, que você parece não entender logo de cara, mas que te trará um desconforto sutil/agressivo.

Uma mão impossível deu um soco no lóbulo da minha orelha. Um feto não nascido, abortado no dia anterior, estava ao lado da minha cama. Seu nome era Jackie Gunner. 

Possui uma coleção visceral e provocativa que examina os aspectos mais sombrios da sociedade moderna, desde o consumismo desenfreado até o racismo sistêmico e a violência policial.

Nana Kwame Adjei-Brenyah demonstra uma habilidade excepcional em criar mundos distópicos que, apesar de suas nuances fictícias, refletem de maneira assustadora nossa realidade atual. 

Cada conto é uma jornada emocional e intelectual, levando os leitores a confrontarem suas próprias crenças e privilégios. O autor aborda temas complexos com uma mistura única de sátira e simbolismo, desafiando os leitores a questionarem suas próprias suposições e preconceitos. 

Seja explorando as consequências do capitalismo desenfreado em “Friday Black” ou examinando o impacto devastador da violência racial em “Zimmer Land”, ele não tem medo de enfrentar tabus e desconfortos.

Tanto é que algumas partes do livro podem ser perturbadoras para alguns leitores devido à sua natureza franca e realista. Seu autor não se contém ao retratar a crueldade da humanidade, o que pode ser difícil de digerir para alguns. Os contos que entraram para a minha lista de preferidos foram: Os cinco de Finkelstein, Rua Lark, Friday Black e No varejo. 

Este livro eu li no mês de março, em paralelo com a leitura de Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, e estou trazendo sua resenha só agora, pois a vida pediu para que eu desse uma pausa, a qual eu conto melhor aqui

No mais, #bookwormers, esta Traça-Livros está de volta. 

Deixe um comentário