A dobradinha perfeita.

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Vim espalhar a palavra desse cronista maravilhoso que é Rubem Braga. Li duas coletâneas de crônicas dele: Dois Pinheiros e o mar e Crônicas para jovens e precisamos urgentemente falar sobre isso.

Contei por aqui em algum lugar e nas minhas redes sociais, que eu tinha sido chamada para trabalhar como freela na revisão de audiolivros, na Narratix. Meu primeiro projeto não foi lá um livro que eu leria por vontade própria, mas a experiência foi (muito engraçada) incrível.

E o último projeto que participei e que está para ser lançado em breve, são esses dois audiolivros da Global Editora, com essas coletâneas de crônicas escritas por Rubem Braga.

E, gente, sério, a narração dessas crônicas está perfeita. Foi de fato maravilhoso ouvi-las em primeira mão! Obrigada ao meu eu do passado que resolveu candidatar-se a essa vaga de freela.

Tá, mas antes de falar sobre as obras, vamos falar um pouquinho sobre crônicas e sobre o santo?

Afinal o que é uma crônica?

Essa forma literária tão presente em nosso dia a dia possui um charme todo especial, combinando leveza e simplicidade de maneira única.

A crônica é um gênero literário que se destaca pela sua capacidade de tratar de assuntos cotidianos, refletindo sobre pequenos detalhes da vida que muitas vezes passam despercebidos.

Ela capta momentos, histórias e reflexões do dia a dia, transformando-os em narrativas envolventes e cheias de significado. Mas o que torna a crônica tão especial? Vamos explorar suas principais características:

Brevidade: As crônicas são, em geral, textos curtos, ideais para uma leitura rápida. Essa concisão permite que os leitores absorvam a mensagem de maneira rápida e eficiente, sem perder a profundidade do conteúdo.

Cotidiano: As crônicas abordam temas do nosso dia a dia, como uma conversa com um amigo, uma cena na rua ou até uma lembrança de infância. Essa proximidade com a realidade torna a leitura mais familiar e acessível.

Reflexão: Mesmo simples, as crônicas trazem uma reflexão profunda sobre a vida, os sentimentos e as relações humanas. Elas nos convidam a pensar e a olhar para nossas próprias experiências com novos olhos.

Linguagem acessível: Usam uma linguagem direta e fácil de entender, se aproximando muito da fala comum. Essa acessibilidade facilita a conexão do leitor com o texto, tornando a experiência de leitura mais íntima e envolvente.

Escritores como Machado de Assis, Luís Fernando Veríssimo, Martha Medeiros e Rubem Braga são mestres na arte da crônica, encantando-nos com suas observações sagazes e sensíveis.

Suas obras são exemplos perfeitos de como esse gênero literário pode capturar a essência do cotidiano e transformá-lo em arte.

Quem foi Rubem Braga?

Rubem Braga, nasceu em 12 de janeiro de 1913 em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, é amplamente reconhecido como um dos maiores cronistas da literatura brasileira.

Sua carreira começou cedo, aos 15 anos, e ao longo de sua vida, ele produziu uma vasta obra literária que inclui crônicas, poesias e reportagens.

Braga foi um jornalista ativo, um crítico social e um amante da natureza, cujo trabalho refletia uma sensibilidade única para capturar a essência do cotidiano e transformar experiências simples em literatura rica e envolvente.

Dois pinheiros e o mar

Dois Pinheiros e o mar

Dois Pinheiros e o Mar – e Outras Crônicas sobre o Meio Ambiente é uma coletânea que reúne 21 crônicas inéditas em livro, publicadas entre 1948 e 1969.

Os textos, preservados no acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, destacam a relação de Braga com a natureza.

Em suas crônicas, ele descreve com lirismo e precisão a fauna e a flora brasileiras, ao mesmo tempo em que critica a destruição ambiental.

Rubem Braga utiliza sua fina ironia para expor a crueldade humana contra o meio ambiente, apelando por uma maior responsabilidade e cuidado com a natureza.

As crônicas presentes no livro abordam temas como o progresso urbano que devasta áreas naturais, a poluição dos rios e a importância da preservação ambiental.

Mare Nostrum

Uma das crônicas que mais me marcou é “Mare Nostrum”, que reflete a paixão do escritor pela natureza e sua preocupação com a preservação ambiental.

Escrita em Marataízes (ES), onde Braga possuía uma casa de praia, ela denuncia os esforços de grupos que tentavam bloquear o acesso público ao mar.

Com sua prosa lírica e engajada, Braga defende o direito democrático ao mar, afirmando que “a pedra e a praia são o último refúgio da democracia, a única riqueza do pobre, a única liberdade do oprimido”.

Ele argumenta que o mar deve ser acessível a todos, e sua crônica é um apelo fervoroso contra a privatização e a exploração de áreas naturais.

A relevância de “Mare Nostrum” permanece muito atual, ecoando nas discussões contemporâneas sobre o direito à cidade e ao meio ambiente.

Mais atual ainda quando lida num contexto da possível existência de uma PEC que privatizaria as praias do Brasil.

Crônicas para jovens

“Crônicas para Jovens” é outra coletânea que apresenta uma seleção diversificada de textos de Rubem Braga, agrupados em cinco subtítulos: Amor… Ou Quase, Parece que foi ontem!, Confidências, Quase confissões, De Plantas e Bichos, e Em qualquer lugar.

Esta coletânea abrange uma ampla gama de temas, desde as contradições do amor até as questões políticas e sociais, passando pelo apreço à natureza e aos animais.

A leitura destas crônicas proporciona um contato íntimo com as experiências humanas, retratadas de maneira leve e bem-humorada. Braga destaca-se por transformar o cotidiano em narrativas poéticas e reflexivas, que continuam a encantar leitores de todas as idades.

Rubem Braga deixou um legado literário inestimável, capturando em suas crônicas a essência do cotidiano e as complexidades da vida humana.

“Dois Pinheiros e o Mar” e “Crônicas para Jovens” são duas coletâneas que exemplificam sua maestria de transformar observações diárias em arte literária.

E eu juro que quando forem publicados os dois projetos contarei aqui e nas minhas redes sociais para vocês contemplarem o que foi essa produção da Narratix.

Próximo post tem livro e tem adaptações cinematográficas! Se quer saber quais são as minhas leituras atuais, me segue aqui.

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